Em seu 11o ano, a conferência trouxe grandes novidades. A começar pela mudança do local para o incrível Casino & Resort Hard Rock em Las Vegas. Além das belezas turísticas da cidade, o local trouxe um grande ganho em infraestrutura. Como exemplo, o salão principal, The Joint, de primeiríssima qualidade de som, imagem e conforto. Além de uma excelente playlist para os amantes do Rock no intervalo das sessões.
Porém, apesar da incrível qualidade da estrutura do evento, o principal destaque foi de fato o conteúdo. Foram tantos assuntos relevantes que fica difícil escolher o que destacar sem deixar de lado alguns importantes tópicos. Desta forma, vou escolher alguns que mais me chamaram a atenção para comentar neste documento.
Uma das conclusões que cheguei após o evento é que torna o mundo do PHP incrível é que no ano em que completa 20 anos, todos os olhares ainda estão voltados, com esperança, para os incríveis anos que virão.
Sem sombra de dúvidas, este é um excelente momento para se envolver com o PHP. Esta afirmação foi feita por Andi Gutmans, CEO da Zend, em sua keynote. E de forma eficiente resumida em torno de alguns tópicos: Performance & Padronização.
Performance
Apesar de ser um lugar comum falar sobre performance no mundo de TI, temos conteúdo de substância para este tópico no mundo PHP. Zeev Suravski, o co-fundador da Zend, nos conduziu pela jornada iniciada a alguns anos atrás sobre como melhorar a performance do PHP.
Zeev e seu time começaram pela busca de um compilador JIT para o PHP. Assim como o ganho obtido pelo HHVM, a idéia era ter os ganhos de instruções compiladas que pudessem ser enviadas diretamente para o processador.
Após alguns meses de trabalho, o resultado foi esperançoso nos benchmarks em torno de funções do PHP. Porém ao realizar o benchmark com aplicações completas PHP, tais como o WordPress, o ganho não havia sido significativo.
Uma hipótese foi levantada de que o maior problema seria o consumo de memória de cache do processador que não permitia que os ganhos de processamento fossem obtidos nas aplicações reais.
Desta forma, iniciaram um exaustivo trabalho de avaliar uma forma de alterar como as variáveis eram armazenadas no PHP. Um trabalho que contou com ajuda da Intel e acabou trazendo ganhos incríveis.
Após alterar a estrutura de dados e de reduzir drasticamente o footprint de memória do PHP, os ganhos com processamento foram visíveis e a performance passou a ter ganhos confíáveis de no mínimo 4x.
O trabalho de compatibilidade também foi levado em conta, e embora haja algumas quebras de incompatibilidade com o PHP 5.6, estas quebras foram bastantes específicas e pontuais. Já há ferramentas para ajudar a migração destas aplicações e aplicações padrões como WordPress foram capazes de rodar com mínmos ajustes.
Portanto, a partir de novembro, na medida em que o mundo PHP passe a adotar o PHP 7, espera-se que o ganho em torno do mundo PHP seja bastante significativo com aplicações consumindo menos recursos e apresentando melhores performances apenas com a atualiação da versão.
É uma grande notícia para todos aqueles que precisam buscar melhorias em seus sistemas diariamente.
Padronização
A outra grande notícia no mundo PHP é que ele está mais unido em torno de uma visão comum como nunca antes. A palestra apresentada pelo Matthew Weier O’Phinney, nos conduziram um pouco sobre como chegamos aqui, basicamente passando por dois grandes marcos: Grupo de interoperabilidade do PHP (PHP-FIG), Composer e PSR-7.
Durante o ano de 2009, ao se encontrarem em uma conferencia, os principais líderes de frameworks PHP chegaram a conclusão de que com algumas implementações específicas, eles estavam tornando difícil que seus desenvolvedores pudessem utilizar componentes uns dos outros, e desta forma criando “silos” no mundo PHP.
Para tentar resolver esta situação, resolveram criar um grupo para discutir e implementar padrões que permitisse que todos conhecessem interfaces familiares que pudessem ser reaproveitadas e facilmente assimiladas pelos programadores ao desenvolver suas aplicações.
Assim nasceu o PHP-FIG. De imediato permitiu o estabelecimento de padrões como o autoloader que permitiu uma das mais incríveis inovações no mundo do PHP em alguns anos: O Composer.
Com o composer, os projetos passaram a descrever suas dependencias e de fato reutilizar componentes de forma prática e principalmente unir vários projetos e desenvolvedores em torno de uma ferramenta padrão.
Este ganho já foi incrível e já era suficiente para permitir o uso de componentes de diferentes frameworks em um único projeto, porém ano passado, o Matthew percebeu que o PHP ainda tinha uma grande deficiencia em comparação com linguagens que estavam em grande crescimento como o NODE.JS: a abstração da camada HTTP.
Apesar de ser basicamente uma linguagem em torno de mensagens HTTP (request e response), cada framework buscava uma implementação específica de abstração destes elementos, o que inviabilizava a reutilização destes frameworks por outras pessoas.
Em outras comunidades com uma abstação bem definida e compartilhada como o node, as pessoas podem trocar de frameworks e sistemas sabendo que irão encontrar métodos de abstração de HTTP comum em toda plataforma.
Desta forma, Matthew recorreu ao PHP-FIG e retomou a liderança de um projeto que havia sido abandonado após esforços frustrados anteriores. Com o apoio de outros, líderes, o PSR-7 foi aprovado e definido no primeiro semestre de 2015, com uma implementação base e o mais importante, uma interface muito bem definida!
Desta forma, na medida em que as principais aplicações e frameworks do PHP adotem o PSR-7, os desenvolvedores terão uma abstração de mensagens HTTP comum em todos os frameworks, e poderão de fato, utilizarem componentes que desejarem em cada projeto, mesclando o que acreditam ser melhor em cada um, tudo em todo da abstração do HTTP.
Desta forma, o framework será basicamente um detalhe de implementação e o poder irá todo para o desenvolvedor que poderá ter um incrível cinto de ferramentas para resolver os problemas de seus clientes.
Estas notícias fizeram com que toda a comunidade PHP, muitas vezes fragmentada em silos específicos, pudessem compartilhar uma mesma visão de futuro e desta forma direcionar uma grande força transformadora em comum para a criação de um futuro não só incrível para o PHP, mas principalmente para a sociedade e os beneficiários de aplicações ao redor do mundo!
